Me indica uma série: O Caso Evandro
Por Nicoly Schuster
Se você tem mais de trinta anos de idade certamente se recordará das notícias sobre os inúmeros casos de desaparecimentos de crianças no Estado do Paraná durante a década de 90. Na maioria das vezes, elas eram recuperadas com vida, graças a atuação rápida das polícias especializadas em sequestros. Nesse período, um dos casos que se destacou foi o de Evandro Ramos Caetano, seis anos de idade, que desapareceu na cidade de Guaratuba.
Foi diante desse cenário que Ivan Mizanzuk, produtor do podcast Projeto Humanos, que conta ter crescido ouvindo histórias sobre as “bruxas de Guaratuba”, se interessou em investigar a história de Evandro, a qual, infelizmente, não teve o mesmo desfecho da maioria dos casos ocorridos no Paraná. O podcast virou livro e depois virou série (em estilo de documentário) exibida pela Globo Play, contendo entrevistas de um dos promotores, advogados, jornalistas e delegados que se envolveram no caso.
A série retrata que o garoto desapareceu no dia 6 de abril de 1992, pela manhã, enquanto retornava, da escola para casa, para buscar um mini game que havia esquecido sobre a mesa. Os pais de Evandro eram funcionários da Prefeitura de Guaratuba, de modo que o prefeito da época, Aldo Abagge, solicitou que o grupo Tigre – divisão especializada em sequestros da Polícia Civil do Paraná – investigasse o caso, que rapidamente tomou grandes proporções na mídia. Entretanto, cinco dias depois do desaparecimento, o corpo de Evandro foi encontrado em uma mata, nas proximidades de um rio, na cidade de Guaratuba.
A Polícia Civil continuou investigando o caso, sem sucesso. Três meses depois do desaparecimento, o grupo Águia – da Polícia Militar do Paraná – entra em cena e rapidamente faz a prisão de sete pessoas: Beatriz Abagge (filha do prefeito), Celina Abagge (primeira dama), Osvaldo Marcineiro, Vicente de Paula, Sérgio Cristofolini e Davi Soares. A suspeita era de que eles teriam assassinado Evandro em uma espécie de ritual.
Logo após as prisões, vieram as notícias de que cinco dos presos haviam confessado o crime. Em todos os julgamentos e nas poucas entrevistas que alguns deles deram, eles jamais admitiram o crime e, mais ainda, afirmaram que foram torturados para confessar. Tamanha era a controvérsia em torno das confissões que nem mesmo o Ministério Público utilizou-as como prova nos julgamentos. No tempo dos fatos, inclusive, foi elaborado um dossiê sobre as circunstâncias em que as confissões foram obtidas.
Se antes havia suspeitas sobre as torturas, a série revela com clareza inequívoca que elas de fato aconteceram, o que se comprova com as fitas (que se acredita serem as originais) nas quais foram gravadas as confissões. Tanto a série quanto, mais aprofundadamente, o podcast, exploram essa questão e evidenciam como todo o caso foi influenciado pelas confissões.
Se você gosta do gênero true crime ou, alguma vez, ouviu falar do caso Evandro, a série vale a pena por trazer uma visão geral sobre o caso, já que aborda tanto o ponto de vista da defesa quanto o da acusação. Mas, se você deseja realmente entender toda a história e saber algumas das teorias sobre a identidade do provável assassino, a recomendação é: ouça o podcast “Projeto Humanos - O Caso Evandro”, produzido por Mizanzuk.
Excelente postagem, Nicole. Estou ansiosa para assistir a série e ouvir o podcast. Não sabia que existia o livro, fiquei curiosa.
ResponderExcluirGiulia Walt.