Por Rafaella Pacheco.
E
com os últimos suspiros deste primeiro semestre acadêmico, decidimos por
finalizar esta semana com mais uma homenagem, para a nossa querida professora
de Direito do Trabalho e Chefe do Departamento de Direito Privado do Centro
Universitário Curitiba, Marcia Kazenoh Bruginski. Uma pessoa de grande coração
que ministra as suas aulas com o espírito de quem luta por aquilo que acredita,
e sempre generosa em compartilhar com seus alunos as verdades que encontrarão em
suas vidas profissionais partilhando as duras verdades que já viveu.
Esta
seção Mulheres de Destaque tem como objetivo exaltar os bons exemplos
das profissionais que tornam o UNICURITIBA mais que uma instituição de ensino
superior de qualidade, e sim uma família, comprometida com seus filhos e
irmãos. A bela história da professora Marcia nos revela principalmente isso, em
como ela encontrou nesta faculdade um lar que a acolheu desde quando se sentou
nas carteiras de aluna, até se tornar professora e compor a coordenação da
instituição.
E
iniciamos esta entrevista com a professora Bruginski por sua trajetória
acadêmica, enquanto estudante do curso de Direito da Faculdade de Direito de
Curitiba. Ela nos revelou que naquela
época o Direito era um ideal, e ingressar em nossa instituição era algo “quase
impossível”.
“Filha de pais bem simples, com poder
aquisitivo abaixo do esperado para um estudante de tão conceituada instituição,
não me considerava uma candidata com grandes chances. Estudei bastante naqueles
seis meses de cursinho preparatório e o destino autorizou que eu realizasse o
meu sonho. Assim, em agosto de 1994 iniciei os meus estudos na Faculdade de
Direito de Curitiba. Demorou muito para eu concretizar que, de fato, eu estava
lá, sentada em uma sala de aula, ouvindo tão especiais profissionais. Como a
mensalidade não cabia no orçamento familiar, fui atrás de estágio na área antes
mesmo de começar o curso. Naquela época o vestibular acontecia no início do ano
e duas turmas ingressavam no primeiro semestre, e duas turmas no segundo.
Consegui estágio no DETRAN e guardei toda a bolsa que recebi para ajudar nas
mensalidades. Além disso solicitei bolsa/desconto diretamente na faculdade. O
Professor Mauro Serafim fez um “contrato” comigo: eu não poderia faltar muito
(bem abaixo do que os demais) e nem reprovar, nunca, ou perdia o desconto. Todo
semestre levava uma pasta com documentos para demonstrar a impossibilidade de
pagar integralmente pelo curso. Semestre a semestre a análise era feita e obtive
abatimento até o final do curso. Faltei pouco e nunca reprovei, em respeito ao
combinado. Também estagiei durante o curso todo para ajudar com as
mensalidades. Não foi fácil, mas valeu cada esforço! Tive os melhores colegas
de sala, meus fiéis apoiadores e amigos.”
A professora também pontuou
em sua fala a grande admiração que nutria por seus professores e que até hoje
cultiva, pois muitos tornaram-se seus colegas de profissão. E hoje percebe que,
olhando para a sua história, mesmo com uma realidade que muitas vezes freava
seu ímpeto por sonhar, uma sementinha do magistério foi plantada dentro dela
enquanto se sentava diante do tablado assistindo as aulas dos professores que
tanto estimava.
Motivação
e trabalho podem ser duas palavras que descrevem bem a professora Bruginski
em sua vida acadêmica e profissional. Tudo que construiu foi com muito esforço
e vontade de, como ela mesma disse: “ir
mais além, dar mais um passo, subir mais um degrau.”. Formada, começou a advogar e, em 2001, decidiu se aventurar em
terras lusitanas, com o seu namorado à época, que hoje é seu marido. Viveu por
sete anos em Portugal, e lá realizou o seu mestrado na clássica Faculdade de
Direito de Lisboa. Em 2006, defendeu sua investigação
a respeito das “Reflexões sobre a subordinação jurídica na
sociedade pós-industrial”, com orientação do Prof. Pedro Romano
Martinez e as colaborações de um grande amigo seu, o Prof. Dr. José Affonso
Dallegrave Neto. Conforme a pesquisadora, o tema trata “da metamorfose do mundo do trabalho, com a
tecnologia, globalização e a necessária releitura dos clássicos conceitos
trabalhistas.”.
Sua experiência no exterior e na pesquisa do
mestrado foram momentos muito especiais em sua vida, e que a fizeram reconhecer
o valor de se aventurar nos estudos, descobrindo outros pensamentos e
posicionamentos, abrindo-se ao novo e ao inesperado. Tais constatações são
passadas em suas aulas de forma inspiradora e generosa, em que a professora ressalta
a importância em se ter humildade em tudo que se propõe a fazer, sem jamais se
acomodar.
Um fato interessante é que além de
professora e pesquisadora, Bruginski também é advogada trabalhista, e no
período em que morou em Portugal advogou, elaborando peças processuais, via
internet. Naquele período os recursos eram mais escassos, os processos não eram
eletrônicos, mas ainda assim alcançou importantes êxitos profissionais. Em suas
aulas, a professora é conhecida por suas aguçadas dicas para bons temas de TCC,
e antes mesmo de cogitarmos as medidas de isolamento social e suspensão das
atividades presenciais, ela destacava o crescente protagonismo do teletrabalho
no mercado de trabalho (sendo este um bom tema de pesquisa). Mas, comentou que,
o que vivenciou na advocacia em Portugal não possui tanto diálogo com os dias
que vivemos hoje:
“o cenário que temos hoje, em razão da pandemia, não
me permite muitas comparações, nem sequer posso me considerar mais experiente.
Em 2020 o teletrabalho aconteceu inesperadamente, e as palavras de ordem foram
dedicação e profissionalismo. Aos poucos me adaptei ao computador, ao Teams, ao
Moodle, a solidão de falar para o computador, porém, os alunos foram os meus
melhores parceiros, auxiliando e apoiando. Então, posso dizer que, conseguimos.
É importante concretizar o ditado “fazer do limão uma limonada”.”
Pouco
tempo após seu retorno ao Brasil, em 2010 foi convidada a participar de uma
banca de docente no UNICURITIBA. E, por uma série de fatores, que ela diz não
saber ao certo mas que guiaram a sua vida – como o momento certo, a
oportunidade, Deus, sorte e uma boa dose de dedicação –, a professora Marcia
passou a dividir a sala de professores com os seus antigos mestres, a ter um
tablado para trabalhar, e a inspirar seus alunos e colegas com seu carisma e
conhecimento.
"Uma das coisas que mais me faz feliz, é escutar “oi
profe”. O caminho do estacionamento do Unicuritiba até a sala dos professores é
de introspecção e agradecimento. Há quase 10 anos faço o caminho agradecendo em
pensamento por tudo o que conquistei. E para minha surpresa, em julho de 2014
fui convidada a compor a Coordenação do Curso, como Chefe do Departamento de
Direito Privado. A chefia só me trouxe alegrias – amigos, parceiros, uma
família de coração, experiências e amadurecimento. Adoraria conseguir com que os
professores que trabalho e chefio, sentissem a minha satisfação em tê-los como
colegas e o quanto os admiro ainda mais. Enfim, hoje chefio alguns dos meus
professores que admirei enquanto “desfilavam o seu saber” no alto do tablado da
sala de aula – aquilo que era “quase impossível”."
O amor por
seu trabalho e trajetória acadêmica é visível em suas palavras e ações diárias,
tornando a sua vocação notória em nossa instituição. Hoje, professora de
Direito do Trabalho, nos revelou que na graduação não simpatizava tanto com o
tema, mas todos os seus estágios foram na área trabalhista, bem como, sua atuação profissional e o mestrado. Logo, considera o Direito do Trabalho o seu
destino.
"Trata-se de
um ramo de cunho extremamente social, cuja história encanta por retratar a luta
de trabalhadores contra a exploração do capital e suas conquistas, que são
nossas até hoje. As bases de sustentação do Direito do Trabalho são
garantidoras de labor digno e decente. É preciso limitar o poder do capital, a
exploração da força de trabalho, dar valor e segurança aos trabalhadores que
alavancam a economia de um país. Trabalhadores seguros e valorizados equivalem
ao êxito de bom empregador."
Com essas
palavras tão lúcidas sobre a importância em se reconhecer e proteger direitos
fundamentais aos trabalhadores, num período que politicamente vem agravando
este cenário consideravelmente nos últimos anos em nosso país, gostaríamos de
exaltar a importância de profissionais como a professora Marcia Kazenoh
Bruginski que, além de apresentar em suas aulas uma reflexão crítica sobre a
conjuntura em que vivemos, deposita com todo o seu carinho e confiança sua
crença em nós alunos como potenciais agentes transformadores da sociedade.
Por toda a
sua dedicação, exemplo de vida e humildade, nós do Blog UNICURITIBA Fala
Direito gostaríamos de dizer: obrigada!
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