A coluna Mulheres de Destaque apresenta
um pouco sobre a trajetória de uma grande profissional, comprometida com a
academia — da pesquisa à docência —, a doutora em Direito e professora Heloísa Fernandes
Câmara. Em uma agradável conversa numa tarde chuvosa de terça-feira, a
professora compartilhou um pouco de suas experiências e crescimento
profissional no UNICURITIBA.
Seu início na instituição se deu como professora de Constitucional I, no
segundo semestre de 2010, poucos meses após a sua defesa de mestrado. Neste período, de quase nove anos de
docência no UNICURITBA, além das orientações de Trabalhos de Conclusão de Curso
— o que confessou ter-lhe proporcionado grande amadurecimento na vida acadêmica
—, posteriormente assumiu as disciplinas de Constitucional II e III, Ciência
Política e Direitos Humanos (como disciplina eletiva), e participou de bancas
dos cursos de Direito e Relações Internacionais da instituição.
Heloísa Câmara contou que sempre se interessou por Teoria do Estado,
História do Direito, Sociologia e Constitucional, disciplinas que definiram seu
perfil na área do Direito. Em sua época de graduanda, não teve Direitos Humanos
na faculdade como disciplina, e seu primeiro contato foi com um grupo de
extensão sob orientação de uma professora de Direito Internacional Privado. No
quinto ano de sua graduação fez um curso de verão no Instituto Internacional de
Direitos Humanos em Estrasburgo, que a permitiu conhecer de fato o que era sistema
ONU e sistemas regionais. Este foi o seu início numa área do conhecimento que
iria se desdobrar, futuramente, no grupo de pesquisa voltado para competição em
Direitos Humanos, o qual orientou por seis anos no UNICURITIBA.
O primeiro passo em direção às competições teve início com o forte
interesse do alunado da instituição em participar destes eventos. A professora
começou a pesquisar sobre o funcionamento e capacitação e, juntamente à
iniciativa dos alunos do DACP, a criação do grupo sobre Sistema Interamericano
de Direitos Humanos foi proposta à coordenação da faculdade. Após um ano de
intensa preparação e estudos, o grupo coordenado por Câmara foi a primeira
equipe de Curitiba na competição simulada de Direitos Humanos da Inter-American Human Rights Moot Court (IAMOOT), realizada na American College of Law, em Washington DC. Tal competição ocorre
anualmente, e costuma receber cem equipes competidoras de instituições de
ensino de todo o mundo — dos EUA, Colômbia, Peru, Brasil, Bélgica, Suíça, entre
outros. E, no primeiro ano de participação da equipe, que ocorreu na 18ª edição,
de maio de 2014, os estudantes do UNICURITIBA foram premiados como o Melhor
Memorial de vítima em língua portuguesa.
Nos seis anos que o grupo de competições do UNICURITIBA participou do Inter-American Human Rights Moot Court (IAMOOT), a equipe há dois anos foi para as
semifinais da competição — que corresponde aos 20% das melhores equipes
participantes —; em 2018 foram para a semifinal como a sétima melhor equipe da
competição, num total de cem equipes participantes; e conquistaram o título de
segundo melhor Estado da competição. Neste ano, também participaram, e foram
premiados como o terceiro melhor memorial.
Conversamos também com a egressa do curso de Direito, Isabella Traub,
que foi aluna da professora Heloisa, e participante do grupo de competição em
Direitos Humanos desde 2016 até hoje, atuando ao lado da professora no
treinamento das equipes. Em seu sensível depoimento, comentou sobre seu
amadurecimento ao longo da graduação e seu amor por Direito Constitucional,
grande parte atribuídos às excelentes aulas ministradas pela professora
Heloisa. As aulas foram classificadas por Traub como leves e instigantes, e
foram responsáveis pela construção de um forte vínculo, que iniciou com a admiração
aluna-professora e hoje tornou-se uma boa amizade. Tal vínculo a fez se interessar,
e ingressar, no grupo de competição de Direitos Humanos e, posteriormente, optar
por realizar seu TCC sob a orientação da professora Câmara.
[...] iniciei a pesquisa para escrever a
monografia, orientada pela Heloísa. O medo em conversar com ela na primeira
orientação, vieram à tona, pois por mais que nutrisse um sentimento imenso, não
havia trocado muitas palavras com ela durante o período em sala de aula. Mas
foi quando ela disse as primeiras impressões sobre o que eu estava pensando que
o medo se foi, como se jamais tivesse existido. Muito calma e delicada, sempre
ouviu tudo o que eu tinha a dizer, o que havia pensado para os rumos da minha
monografia. Foram diversas orientações e conselhos ao longo do processo, e que
juntamente com a atuação no grupo de pesquisa, me mostraram que para além de
uma professora maravilhosa, Heloísa era uma pessoa muito dedicada e que me
inspirava cada dia mais a seguir meus objetivos, sendo um espelho do que quero
ser nos próximos anos. Com o término da graduação
em 2017, não deixei de frequentar o grupo de pesquisa, pois o ensinamento
proporcionado é excepcional para o aprimoramento do raciocínio jurídico e
humano. Para além disso, quando estava no meu último ano de graduação, decidi
tentar o ingresso no Mestrado em Direito. [...] Ela sempre confiou muito em mim
e no meu potencial, me orientou em tudo que precisei. Uma frase que ela me
disse e que carrego comigo até hoje é: “te escolhem pelo que você fez, não pelo
que você fará”. O resultado veio depois de meses de um processo árduo e desgastante.
Aprovada no Mestrado em Direito da UFPR. Boa parte da confiança e tranquilidade
que senti no momento de fazer cada uma das quatro etapas do processo seletivo,
foram dos ensinamentos que obtive com a Helô durante toda a minha trajetória
acadêmica, todo incentivo e suporte que me foi oferecido e de todas as
oportunidades que tive. Agradeço imensamente a ela por cada momento ao longo
desses anos no Unicuritiba, pois foi toda a sua dedicação e excelência, que
hoje continuo semeando e colhendo os frutos que plantei ao longo da graduação.
[...] Orientadora, colega e amiga, que posso contar em todos os momentos, que
sempre estarei à disposição para o que precisar, cruzando fronteiras e
angariando conquistas![1]
Além de Traub, a professora Câmara possui ex-orientandos cursando e/ou
finalizando seus mestrados em importantes instituições do Brasil, Portugal,
Finlândia e Escócia, e atribui tais resultados à autonomia, agilidade e
interesse dos próprios alunos. Mas, muitos reconhecem na professora uma
profissional que os inspirou e acreditou em seus potenciais, sendo de
significativa importância em suas conquistas acadêmicas. Em conversa, a
professora disse que sempre procurou tratar seus orientandos da mesma forma que
foi tratada por seus orientadores: “acreditar
no trabalho e ajudar, mas falar: vai! Pois o caminho se faz ao caminhar.”.
E, o que a deixa muito feliz, é vê-los encontrando os seus próprios caminhos.
Cabe destacar que a professora Câmara também foi responsável pela organização
das Semanas de Direitos Humanos,
anualmente realizadas no UNICURITIBA, e que possuem como intenção principal a
sensibilização da comunidade acadêmica e externa sobre questões de Direitos
Humanos. Neste ano, a Semana de Direitos
Humanos será uma edição muito especial, que terá seu formato ampliado, envolvendo
todos os cursos da instituição. A Semana
também teve, ao longo de suas edições, a contribuição e apoio de vários
professores da casa, dentre eles a professora PhD. Karla Pinhel Ribeiro, que
assumirá a orientação do grupo de competição do Sistema Interamericano de
Direitos Humanos.
Câmara se despediu de nossa instituição no final de maio deste ano, para
assumir uma nova etapa em sua carreira na docência, agora como Professora na
Universidade Federal do Paraná. Depois de quase uma década de UNICURITIBA, a
professora considera este período compartilhado conosco como uma importante
parte de sua carreira, base de sua formação e desenvolvimento como docente em
uma das mais conceituadas instituições de ensino superior do Paraná.
[1]
Relato extraído de entrevista realizada com a egressa do UNICURITIBA, técnica
do grupo de competição em Direitos Humanos e mestranda em Direito na UFPR,
Isabella Traub.
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