30/05/2019

Acontece no UNICURITIBA: Giovanna Maciel, acadêmica de Direito participou da Simulação das Nações Unidas (SIMUNI) e recebeu menção honrosa

Foto: Acadêmica de Direito, Giovanna Maciel recebeu menção honrosa no SIMUNI


Giovanna Maciel está no nono período de Direito e integra o Projeto do Blog UNICURITIBA Fala Direito. Ela se inscreveu para participar do SIMUNI, evento de Simulação das Nações Unidas organizado pelo curso de Relações Internacionais - e foi destaque em seu Comitê.

Ela conta um pouquinho da sua experiência para nós, do Blog UNICURITIBA Fala Direito, destacando o quanto o evento pode ser interessante também para acadêmicos do Direito.

Confira 



MINHA EXPERIÊNCIA NO SIMUNI
Por: Giovanna Maciel

O QUE É SIMUNI?

         

          Antes de contar como foi a minha experiência no evento, é preciso explicar o que realmente é o SIMUNI, visto que muitos estudantes de Direito não têm muito conhecimento acerca dos eventos de Relações Internacionais.

          Bom, o SIMUNI é uma simulação das negociações do Sistema ONU e, segundo a Profª Patricia Tendolini Oliveira, coordenadora do curso de Relações Internacionais: “O SIMUNI propicia aos participantes a vivência das Relações Internacionais, cabendo a eles exercer sua capacidade de negociação e diplomacia, e a aplicação de conhecimentos de Política Internacional, Direitos Humanos, Economia Internacional, entre outros”.

          Esse ano foi realizada a 2ª edição do SIMUNI, entre os dias 16 a 18 de maio, e reuniu cerca de cem participantes, entre alunos do Ensino Médio e Superior, divididos em 4 Comitês simultâneos – o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) e o Conselho Econômico e Social (ECOSOC) para os alunos do Superior; e o Conselho de Direitos Humanos (CDH) e o Comitê Histórico, para os alunos do Ensino Médio.

          Dentre os temas abordados nessa edição, estão: Crise do Iêmen (CSNU), participação das empresas e da sociedade civil organizada no fomento à igualdade de gênero como forma de alcançar o Desenvolvimento Sustentável (ECOSOC), refúgio na atualidade (CDH) e a guerra do Golfo em 1990 (Comitê Histórico).



MINHA EXPERIÊNCIA

         

          Confesso que me inscrevi meio despretensiosa, sem saber muito bem o que era e como funcionava, mas acabei me surpreendendo positivamente frente à experiência.

          Uma semana antes do evento, recebi um e-mail informando qual seria minha delegação e com o Manual do II SIMUNI. Fui selecionada para fazer parte do ECOSOC, representando a delegação da Bósnia e Herzegovina e, ainda, teria que fazer o Documento de Posição Oficial (DPO), com informações específicas acerca do país e a relação com o tema a ser discutido. Ok, então eu precisava fazer um documento que eu nunca vi na vida, sobre um país que pouco se comenta e que, embora possua três idiomas oficiais, nenhum deles é o inglês, muito menos português? Achar referências parecia impossível – obrigada Google Notícias pela ajuda! Confesso que me senti um pouco mais confortável quando divulgaram quais eram as outras delegações (Bósnia Herzegovina; Emirados Árabes Unidos; Federação Russa; Reino da Noruega; República Bolivariana da Venezuela; República da Coreia; República da Turquia; República do Chade; República Federativa do Brasil; República Islâmica do Paquistão; República Popular da China; República Socialista do Vietnã). Estava difícil para mim, mas eu não era a única.

Na sessão de abertura, contamos com a palestra de Rodrigo Reis, fundador do Instituto Global Attitude (GAL) e dono de um extenso currículo relacionado a ações junto à ONU, em especial relacionado ao fomento da juventude na Organização Internacional. Como se não bastasse o simples fato de uma pessoa tão importante estar ali, ele deu uma verdadeira aula a respeito da evolução do Sistema ONU, retomando pontos importantes da história e levantando polêmicas envolvendo Organização.

          Finalizada a palestra, cada Comitê foi direcionado para uma sala, na qual foram nos passadas as informações necessárias para as sessões de debate que se realizaram no próximo dia. Pois bem: direitos e deveres das delegações e delegados, deveres da mesa diretiva, regras dos debates, lista de oradores, discurso, questões procedimentais, inúmeras possibilidades de moções, elaboração de resolução, discussão sobre agenda, documento de posição oficial... Bateu o desespero! Como se não bastasse, fizemos um treinamento com um tema geral (“Por que ‘Friends’ é a melhor série da atualidade?”), para aprendermos as noções básicas dos debates. Nesse momento só conseguia pensar “o que eu estou fazendo aqui?”. Me senti deslocada, sem saber o que e como falar até conseguir, aos poucos, entender os procedimentos e me soltar para o debate.

          No dia seguinte, iniciamos a sessão às 13h30 e, conforme o cronograma, passamos à leitura dos DPOs de cada delegação e, depois, para os debates. Mais uma vez, me senti um pouco deslocada, sem saber o que fazer, mas, graças ao apoio da Mesa Diretiva – obrigada Brenda e Mari – e a Coach (Profª Priscila Caneparo), as discussões foram tomando forma. Quando dei por mim, já estava falando, mostrando o posicionamento da minha delegação, questionando ações das demais delegações e, inclusive, propondo soluções para os problemas. Tudo isso sem gaguejar, tremer a voz, ficar vermelha ou ter vontade de sair correndo – logo eu, que embora esteja no final do curso de Direito, sempre tive pavor de falar em público.

          Entre debates oficiais, moderados e não-moderados, demonstrações de apoio e de repúdio, coffee break, composição e recomposição da agenda, finalizamos o segundo dia cansados, mas com propostas efetivas e possíveis, de acordo com a realidade de cada Estado, para o fomento à empresas e sociedades civis a fim de cumprir a 5ª ODS (igualdade de gênero).

          No sábado, último dia do evento, a missão foi um pouco mais difícil: sintetizar todas as propostas, achar um consenso quanto a aplicabilidade delas, escrever uma resolução e, ao final, defendê-las frente à possíveis dúvidas. Ai, a coisa ficou complicada! Foi o único momento em que tivemos realmente desavenças dentro do Comitê; cada um queria fazer de um jeito, incluir cláusulas, retirar cláusulas; cláusula de boicote/reserva; tempo curto, Mesa Diretiva cobrando a entrega... Enfim, entregamos a Resolução no último minuto possível, ainda com desavenças, as quais foram expostas no momento da defesa.

          A questão é: eu era uma das únicas acadêmicas de Direito, em meio a inúmeros de Relações Internacionais. De certo modo, a maioria ali tinha um conhecimento mais elevado sobre a diplomacia e sobre as Resoluções. Além disso, alguns já tinham participado de simulações anteriormente e, além do conhecimento do que o curso proporciona, tinham a vivência. Entretanto, ainda que tenha me sentido deslocada a princípio, fui acolhida e consegui não só apresentar as minhas ideias e propostas, mas levantar questionamentos e, ao final, ser reconhecida por isso.

          Antes do encerramento do II SIMUNI, os outros delegados e delegadas vieram conversar comigo, elogiaram minha postura e atuação, surpreendidos por ter sido minha primeira Simulação. Confesso que não esperava por isso e fiquei surpresa pela receptividade e companheirismo ali existente. Já no fim, enquanto a Profª. Patrícia anunciava os destaques de cada comitê para o recebimento do certificado de Menção Honrosa, ouvi meu nome. Recebi aquele certificado como um presente, uma conquista não apenas acadêmica, mas pessoal, por ter conseguido me expressar de tal maneira a ser reconhecida, mesmo com o meu histórico de pavor em falar em público (e sem brigar com ninguém, o que é um pouco difícil para um estudante de Direito!).

          Como dito ao começo, me surpreendi positivamente com todo o evento, desde a organização, condução dos debates (tanto pela Mesa Diretiva, como pelos Delegados) e, principalmente, pelos temas levantados que são de extrema relevância. Ainda que a inscrição tenha sido despretensiosa, o resultado pessoal foi incrível e indescritível!



RELEVÂNCIA PARA O DIREITO



          Embora tenha sido elaborado pelo curso de Relações Internacionais, o SIMUNI é aberto à toda população acadêmica e tem, sem dúvidas, muita relação com o Direito.

          Logo de início, temos o Direito Internacional, o qual leciona, entre outras coisas, o Sistema ONU – como surgiu, qual a evolução, como funciona... Sem dúvidas colocar esses ensinamentos em prática ajuda muito no aprendizado, mesmo para quem não tem pretensão na carreira diplomática. 

          Além disso, os debates funcionam de forma muito similar aos debates jurídicos, principalmente em audiências de instrução, quando cada um tem seu momento de fala, devendo expor as dificuldades e propostas a fim de chegar na melhor solução da lide. Também, o poder da fala, a forma de colocar cada ideia, sem que seja ofensiva, mas que, ao mesmo tempo, seja capaz de convencer os ouvintes sobre a relevância da sua palavra.

          Finalmente: a resolução. Embora as resoluções do ECOSOC não possuam poder vinculativo, se parecem muito com leis e decretos. Institutos que, nós, do Direito, nos deparamos todos os dias. Desta forma, participar da elaboração do documento final, auxilia não apenas para entender como funcionam as normativas internacionais, mas também as internas, visto que, embora o texto tenha sido realizado com a colaboração de todos os presentes, ainda assim precisa passar por votação e precisa ter escrita clara, compreensível também por quem não passou pelo processo de elaboração.



          Diante de tudo isso, dos aprendizados adquiridos, pelas superações pessoais e pelas histórias descobertas, só tenho a agradecer pela iniciativa, pela oportunidade e pela organização (que é feita, em grande parte, pelos próprios alunos) e, além disso, recomendar a todos os colegas, independentemente do período ou das pretensões profissionais.

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