Por: Rafaella
Pacheco**
Ocorreu,
na semana anterior à presença do ministro da Justiça e Segurança Pública,
Sérgio Moro, ao Seminário de Direito Empresarial e Cidadania: Combate à
Corrupção, um outro evento acadêmico na instituição, o Seminário Projeto de Lei Anticrime,
realizado nos dias 07 e 08 de maio. Tal evento, que teve a intenção de produzir meios para uma
reflexão crítica acerca do ‘pacote anticrime’, foi idealizado pela Professora Marcia
Leardini Dresch de processo penal da graduação e pós-graduação do UNICURITIBA.
O seminário prezou pela pluralidade de olhares de operadores do direito,
pertencentes à instituição e convidados externos, sobre o tema, afim de
garantir maior abrangência sobre os aspectos positivos e negativos do projeto.
A abertura do Seminário
se deu com a presença da Professora Doutora Priscila Caneparo — que leciona
Direito Internacional Público, Direitos Humanos, Direito Constitucional e
Ecopolítica Internacional —, e do Professor e advogado Guilherme de Andrade — que
ministra aulas de Direito Penal na graduação e pós-graduação da instituição. A
professora Caneparo iniciou o evento com a fala sobre os Direitos Humanos e a
divulgação do lançamento do livro que coordenou — “Possíveis Caminhos
Emancipatórios dos Direitos Humanos – uma análise da conjuntura internacional”
—, e na sequência, o professor Andrade dissertou sobre as medidas
relacionadas à legitima defesa e do crime de resistência, nas quais destacou,
através de uma análise das propostas do Projeto de Lei Anticrime aos artigos 23
e 25, do Código Penal, sobre os perigos de terminologias imprecisas ou
desnecessárias que podem gerar problemas de interpretação na apliacação da lei.
O seminário seguiu com as apresentações dos professores
do UNICURITIBA: Christian Laufer, Fabio Guaragni, Gustavo Scandelari, José
Carlos Portella Junior, Luiz Osório Panza, Marion Bach, Michel Knolseisen e
Michelle Cabrera. O evento também reuniu convidados externos, como Flávio
Antonio da Cruz, juiz federal substituto em Curitiba; as advogadas criminais
Maria Francisca dos Santos Accioly e Thaise Mattar Assad; o promotor de justiça
Alexandre Ramalho do Ministério Público do Estado do Paraná; e o procurador da República Roberson Pozzobon,
que integra a Força-Tarefa Lava Jato.
O juiz Flávio Antonio da Cruz propôs, através de uma
contextualização histórica sobre a figura do informante, a palestra sobre “Soluções
Consensuais e o Informante do Bem (Whisteblower)”, na qual finalizou sua
fala pontuando que o Projeto de Lei Anticrime talvez venha a contribuir como
mecanismo de defesa na diminuição dos crimes. Mas, salientou que a delação em
si contém dilemas éticos, pois o informante, como testemunha, não poderia ser
interessado na causa. E, outro aspecto que, para Cruz, deve ser observado com
cuidado, é que o Projeto de Lei em questão apresenta problemas em termos de
amplitude, pois não estabelece critérios de validação para as decisões,
pressupondo isenção de valores por parte dos juizes. Mas, como enfatizado pelo
juiz Cruz: “somos máquinas hermenêuticas
constituídas de ideologia”. Logo, para que haja uma aplicações objetivas da
lei no caso concreto, faz-se necessário a criação de leis que contenham em si
critérios objetivos para a sua aplicação.
A diversidade de perspectivas sobre o Projeto de Lei Anticrime
no seminário teve grande relevância ao debate acadêmico, pois foram
apresentadas críticas e análises positivas e negativas que cumpriram com a
intenção da professora Leardini ao idealizar o evento em uma aula de processo
penal: “proporcionar aos alunos
artifícios para uma visão crítica fundamentada ao debate em questão”.
Leardini, após a realização do seminário, elogiou o
cuidado que os professores palestrantes e convidados externos tiveram em
estudar o projeto para apresentar suas
análises, elencando um tema a ser abordado, a partir de pesquisas sobre
entendimentos anteriores da jurisprudência a respeito dos temas apresentados.
Ressaltou, ainda, a importância do alunado em se preocupar e entender o Direito
de forma sistemática e discutir questões que interferem no futuro do país.
Por isso os objetivos da
professora Leardini com o Seminário Projeto de Lei Anticrime, e da própria
instituição UNICURITIBA com os eventos acadêmicos realizados, visam
proporcionar aos discentes e à comunidade recursos de ampliação, aprofundamento
e desenvolvimento intelectual e reflexivo que aspiram a capacitação e o
comprometimento com o desenvolvimento social.
** Rafaella
Pacheco é formada em Artes Visuais pela UFPR, acadêmica do terceiro período de
Direito do UNICURITIBA, monitora da disciplina de Filosofia da instituição e integra a equipe editorial do Blog UNICURITIBA Fala Direito, Projeto de Extensão coordenado pela Profa.
Michele Hastreiter.
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