Maria da Glória Colucci[1]
Por acaso há limites à intolerância
humana?
Parece que não. A cada momento atos de
selvageria e destruição da vida e da liberdade se multiplicam, sob as
motivações mais incoerentes e absurdas. Os recentes atentados terroristas
praticados por grupos fundamentalistas islâmicos, que se autodenominam
seguidores fiéis do Islã, demonstram à evidência como seres humanos podem
chegar ao extremo desvario de “matar” em nome de ideologias religiosas...
Em defesa de crenças ultrapassadas e sem
sentido, não só no Ocidente, mas entre os próprios nacionais da Síria, os
“jihadistas” combatem os seus conterrâneos de sangue e de fé que, desesperados,
fogem em direção aos países mais prósperos da Europa, pedindo abrigo.
Com o objetivo de destruir a sociedade
ocidental, espalham-se pelo Egito, Líbia, Iêmem, Afeganistão, Nigéria etc,
arrebanhando simpatizantes e seguidores que seduzidos pela propaganda, via
internet, aderem à doutrinação, tornando-se “legionários estrangeiros”. Uma vez
ingressando no grupo, jovens inexperientes descobrem, depois, que o caminho de
volta é quase impossível!
Imagens de terror com decapitações,
amputações de mãos, apedrejamentos de mulheres, escravidão sexual de meninas e
moças, crucificação de “hereges” e outros tantos delírios de fanáticos
violentos, verdadeiras “bestas feras”, aterrorizam e fazem calar os que se
opõem às suas descabidas e arcaicas crenças.
Os ataques praticados em Paris, em 13 de
novembro, no Bataclan, no Le Carrillon e na Rue de Charonne, para citar apenas exemplos de carnificinas
recentes, como a ocorrida no Le Petit
Cambodge, sinalizam que os militantes jihadistas, enlouquecidos, seguem
dominados por sua ideologia cruel em que a morte é o supremo bem e viver é uma
“inutilidade”.
Os terroristas do EI (Estado Islâmico)
tentaram atingir algo que não possuem, qual seja, a liberdade e alegria de
viver que marcam o modo de ser ocidental (la
joie de vivre). Não escolheram viver como jovens, amar e serem amados, desfrutar
das benesses da juventude, que duram tão curto tempo... Mas, movidos pela
inveja, escolheram viver como ratos pelos esgotos de Paris, quando podiam
desfrutar da liberdade e não das sombras, porque optaram por ser escravos de
uma ideologia pretensamente divina, mas que no seu âmago é satânica e
destruidora.
Esquecem-se que se tornarão pó como todos
os mortais e que prestarão contas de seus atos, não importa o nome do deus a
que sirvam. Mais cedo ou mais tarde se autodestruirão, porque por mais longo que
seja o caminho, a Vida e a Liberdade se sobreporão à morte e à escravidão, como
sempre foi e continuará sendo!
[1] Advogada. Mestre em Direito Público pela UFPR.
Especialista em Filosofia do Direito pela PUCPR. Professora titular de Teoria
do Direito do UNICURITIBA. Professora Emérita do Centro Universitário Curitiba,
conforme título conferido pela Instituição em 21/04/2010. Orientadora do Grupo
de Pesquisas em Biodireito e Bioética – Jus Vitae, do UNICURITIBA, desde 2001.
Professora adjunta IV, aposentada, da UFPR. Membro da Sociedade Brasileira de
Bioética – Brasília. Membro do Colegiado do Movimento Nós Podemos Paraná (ONU,
ODM). Membro do IAP – Instituto dos Advogados do Paraná